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A etiqueta dos headhunters

Especialistas em selecionar executivos revelam seus métodos de trabalho e o que fazer para chamar a atenção deles

Renata Avediani 01/10/2008

O telefone toca e do outro lado da linha há um headhunter com um convite para você. Sem revelar o nome do empregador, quase sempre uma empresa de grande porte ou então uma start up com investimentos polpudos, ele lhe oferece uma barbada: ótimo salário, oportunidade de progressão na carreira e um bônus estratosférico. Quem já passou por isso provavelmente ficou se perguntando como o headhunter chegou até seu nome. A VOCÊ S/A ouviu diversos especialistas em recrutamento de executivos para saber o que chama a atenção deles, para o bem ou para o mal. Revelamos também as estratégias que os caça-talentos usam para chegar aos melhores candidatos. A primeira descoberta é que o informante do headhunter pode estar bem ao seu lado. A maioria dos caça-talentos costuma manter contato regular com profissionais experientes e de confiança dentro de grandes empresas, que podem dar dicas valiosas sobre um determinado executivo.
 

CULTIVE SEUS CONTATOS

As empresas de seleção possuem em sua base de dados os organogramas das grandes companhias. Dependendo do perfil da vaga, os recrutadores miram imediatamente profissionais de determinadas organizações, que têm cultura semelhante à da empresa que os contratou. Além disso, os caçadores de talentos mapeiam o mercado, pedindo indicações, ouvindo sugestões e fazendo perguntas. Por isso, quem tem uma rede de relacionamentos ativa possui mais chances de ser encontrado. Ou seja, manter bons relacionamentos sempre ajuda.

Mandar o currículo diretamente para o caçador de talentos pode ser um tiro n’água. Extremamente requisitados, eles tendem a ser ariscos aos contatos de desconhecidos. Ricardo Rocco, diretor da Russell Reynolds, diz que recebe cerca de 20 currículos por dia. O grande problema, segundo os headhunters, é que muita gente entra em contato sem a preocupação de analisar se tem um perfil alinhado ao dos profissionais procurados. Antes de enviar o currículo para um headhunter, avalie para que setores e níveis hierárquicos esse profissional costuma recrutar. "Não desperdice energia com contatos infrutíferos", diz Ricardo. Mas, se você se considera dentro do perfil para uma determinada vaga, não fique inibido, mande seu currículo.

COMPORTAMENTO É TUDO 

Os recrutadores selecionam candidatos com base no pedido da empresa que os contrata. Além da capacitação técnica, eles ficam atentos à personalidade do executivo. “Nem sempre o escolhido é o melhor profissional, mas o que tem as habilidades emocionais e comportamentais mais alinhadas ao perfil da companhia e do cargo”, diz Jeffrey Abrahams, diretor da Abrahams & Associates, de São Paulo. Para encontrar informações sobre características comportamentais, os caça-talentos procuram ex-chefes, ex-colegas de trabalho, clientes ou antigos subordinados. “De início, as pessoas hesitam em criticar, mas com jeito conseguimos boas informações sobre o profissional”, diz Augusto Carneiro, diretor da Zaitech, empresa de busca de executivos do Rio de Janeiro.

Claro, uma boa formação é fundamental para a escolha de um executivo, ainda mais para altos cargos. Mas, isoladamente, não impressiona um recrutador. Além do comportamento, os headhunters verificam a experiência profissional. “Olho o antes, o durante e o depois das realizações de um candidato em cada empresa e o cargo pelo qual passou”, diz Jeffrey. Ou seja, invista na formação, mas saiba que sozinha ela não garante uma colocação. Você será avaliando também pela sua experiência na prática.

MENTIR, JAMAIS


Ganha pontos na avaliação do headhunter quem reconhece os próprios erros. Aprender com os tropeços é uma habilidade valorizada por eles. Não minta para encobertar um fracasso. “A mentira, se descoberta, comprometerá a credibilidade”, diz Iônio Mello, diretor da Stanton Chase International, de recrutamento de executivos, com escritórios em 14 cidades brasileiras. Numa entrevista, conte sua trajetória de carreira sucintamente. Destaque pontos importantes, que mostrem, por exemplo, como você reagiu a situações difíceis e o que aprendeu com elas. “Saber identificar os marcos da carreira revela maturidade e boa capacidade analítica”, diz Jeffrey Abrahams.

Ao receber uma proposta, avalie muito bem se a nova posição colabora para o desenvolvimento de sua carreira e se ela está alinhada aos seus planos de vida. Se depois disso você resolver não aceitar, seja transparente e diga os seus reais motivos ao caçatalentos, deixando as portas abertas para as próximas oportunidades. Agindo assim, você demonstra coerência e controle sobre a carreira. Imperdoável mesmo é concluir o processo, aceitar a oferta e mudar de idéia às vésperas de começar na nova empresa. “Isso demonstra instabilidade e falta de comprometimento. Quem vai querer arriscar novamente?”, diz Augusto Carneiro.

Fonte: Revista Você S/A 


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