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Número de estrangeiros trabalhando no Brasil sobe quase 20% em 2011




Edição do dia 15/08/2011
15/08/2011 20h46 - Atualizado em 15/08/2011 21h45
No primeiro semestre de 2011, 26 mil estrangeiros receberam autorização para trabalhar no país. Vieram atuar em áreas onde faltam brasileiros qualificados, como na indústria de petróleo e gás, que, sozinha, atraiu 8 mil


No primeiro semestre de 2011, o número de estrangeiros que vieram trabalhar no Brasil cresceu quase 20% em relação ao mesmo período de 2010. É um movimento surpreendente dentro da economia brasileira.
Foi uma fila de estrangeiros que levou a maior empresa mundial de recrutamento online a se instalar em São Paulo. Um ano atrás o escritório nem existia.
“Temos cadastradas 350 mil pessoas diferentes que têm interesse de vir a trabalhar no Brasil. Elas não estão encontrando oportunidade em seus países ou têm interesse de ir a outro mercado que está aquecido e crescendo, como o Brasil, para poder encontrar emprego com suas qualificações”, explica o diretor de vendas Diego Sanson.
O próprio diretor, que é americano, deixou a crise dos Estados Unidos para trás. Trouxe a família e diz que veio para ficar. “Vou poder crescer como um profissional e também ser parte de algo maior, que é o crescimento do Brasil”, diz.
No primeiro semestre de 2011, 26 mil estrangeiros receberam autorização para trabalhar no país – 19% a mais do que no primeiro semestre de 2010. Esses são apenas os que entraram legalmente.
Vieram atuar em áreas onde faltam brasileiros qualificados, como na indústria de petróleo e gás, que, sozinha, atraiu oito mil estrangeiros nos primeiros seis meses de 2011.
Uma plataforma de petróleo que fica a 85 quilômetros da costa do estado do Rio de Janeiro pertence a uma empresa norueguesa que veio ao Brasil para se juntar ao esforço que deverá tornar o país um grande exportador de petróleo. Além do capital e da experiência, a empresa trouxe também engenheiros experimentados para dar início à produção.
O gerente de plataforma Kjell Brustad é um deles. O norueguês trabalhou 15 anos em estruturas petrolíferas do mar do Norte. Hoje, é o gerente de uma plataforma e está no país para formar brasileiros.
“Eu encontrei gente bem preparada aqui, mas nem sempre com a experiência para operar plataformas oceânicas. Eu posso compartilhar a minha experiência com pessoas jovens e inteligentes”, garante Brustad.
Kjell volta para a Noruega no fim do ano e já treina o sucessor: o engenheiro mecânico carioca Leandro Coelho. “Da mesma forma que brasileiros vão trabalhar lá fora, a gente precisa de estrangeiros trabalhando aqui no país”, opina.
É um tipo de transferência de conhecimento essencial para o desenvolvimento do país. No primeiro semestre, mais de dois mil técnicos chegaram em contratos de cooperação. A maior presença econômica do Brasil no mundo também se refletiu em um campo em que éramos quase irrelevantes: o do intercâmbio de universitários e recém-formados.
Só em uma das organizações que fazem a ligação entre empresas e universidades, o número de intercâmbios multiplicou por oito nos últimos cinco anos. A diretora da organização e gerente de intercâmbio Larissa Armani explica o fenômeno: a possibilidade de trabalhar em um país emergente e forte e em uma sociedade rica e aberta.
“As coisas caminham juntas. As pessoas vêm, trabalham e acabam se divertindo. É uma cultura muito atrativa”, reforça.
Mas para um estrangeiro nem sempre é fácil se adaptar ao nosso ambiente de trabalho. Mariana é professora de costumes brasileiros para estrangeiros. Um dos alunos, Jeff Jacob, americano de origem indiana, explica qual é a maior dificuldade que ele enfrenta no banco em que veio trabalhar.
“Em um lugar como Nova York, há uma clara divisão entre o que é a sua vida pessoal e a sua vida profissional. Aqui não tem esse tipo de divisão. Quanto mais rápido você se adaptar a isso, melhor será para sua vida profissional”, esclarece Jeff.
A médica italiana Laura Mannarini, talvez por ter origem latina como nós, não encontrou dificuldade para se relacionar com os colegas do hospital onde faz pesquisas. Ela se inclui entre os estrangeiros que chegam para trabalhar por período limitado, mas que gostariam de ficar mais tempo por aqui.
“São os brasileiros que fazem esse país realmente único e inesquecível. Eu voltar, infelizmente, com o coração quebrado”, conclui a médica.

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