Além de mercado alternativo aos países em crise econômica, País mostra atratividade natural e consistente para a próxima década
Como partem de metodologias distintas, os relatórios de fusões e aquisições elaborados e divulgados por KPMG e PwC trazem resultados diferentes para a quantidade de transações desse tipo realizadas no primeiro trimestre de 2012. No entanto, ambos indicam recordes no número de operações no período.
Enquanto a KPMG indica um total de 204 operações dessa natureza nos três primeiros meses de 2012, a PwC afirma que foram 176 as fusões ou aquisições. O destaque, em ambos os relatórios, ficam por conta da quantidade de empresas e investidores estrangeiros nos processos. De acordo com o relatório da KPMG, 99 das 204 operações contabilizadas tiveram participação de estrangeiros. A PwC registrou movimentação de 68 das 176 transações que verificou.
De acordo com David Bunce, senior partner da KPMG para a América do Sul, o crescimento de 22% no número de aquisições demonstra uma tendência real a ser observada para o restante do ano. Um dos fatores apontados por ele para o aumento no interesse do investidor estrangeiro relaciona-se às incertezas no mercado externo, especialmente na Europa. Isso envolve até mesmo o represamento de alguns investimentos no segundo semestre de 2011. “Havia decisões acumuladas que foram tomadas agora que o grau de incerteza diminui”, analisa ele.
Outro fator positivo foi a desvalorização do Real. “O câmbio está ajudando os compradores de fora, que ficaram preocupados com a cotação do dólar a R$ 1,60”, diz. Isso porque, explica, nesse patamar o risco de desvalorização era muito alto - o que, de fato, ocorreu.
Atratividade brasileira
Embora haja esses motivos circunstanciais, Bunce não acredita em evasão decorrente de melhora no cenário externo. “A melhora na Europa e nos Estados Unidos não é um grande risco. Até porque o processo de estabilização será longo e dolorido. Não vai acontecer no curto prazo”, constata.
Além disso, ele acredita que os investidores estão cada vez mais em busca de investimentos em mercados mais promissores, com oportunidades para a próxima década, como é o caso do Brasil e dos demais componentes do BRIC, o grupo de países emergentes formado por, além do Brasil, Rússia, Índia e China.
Opinião semelhante tem Alexandre Pierantoni, sócio da PwC. “Acredito que o Brasil se destacou no contexto mundial e desta forma não é que temos uma atividade melhor aqui apenas pela crise nos outros países. A perspectiva de crescimento no Brasil, a estabilidade e o nível de consumo interno atual e potencial são diferenciais”, afirma. Por esse motivo, afirma Pierantoni, não é latente o risco de os investidores deixarem o País tão logo a situação se estabilize na Europa.
Custo Brasil
Para Bunce, os números revelados ainda esbarram no chamado “Custo Brasil”. Ou seja, as barreiras burocráticas e tributárias para que o investimento chegue ao País. No entanto, os obstáculos pesam mais para as companhias de manufatura. Embora as organizações tenham interesse de acessar o mercado interno brasileiro, a chance de uma delas montar indústria no País para exportar e, assim, acessar outros mercados, é menor.
“Se a empresa vai montar três plantas em pontos estratégicos para atender todo o planeta, o Brasil não vai se sair muito bem na comparação com outros países. As empresas preferem montar indústrias em outros países, com custos menores”, acredita Bunce, que também destaca os segmentos em que o País tem atratividade natural, como a indústria de mineração, pré-sal e agribusiness.
Portal HSM
17/05/2012
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