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Força-tarefa para cuidar dos "expatriados"



Por Vívian Soares | De São Paulo
Silvia Costanti/Valor / Silvia Costanti/ValorSilvania Marques, da Siemens, Mauro Valle, da CSN, Beatrice Koopman, da Basf e Silvia Jacoby, da Bosch fazem parte do Gadex, grupo onde executivos que gerenciam expatriados trocam informações
Todos os meses, executivos de recursos humanos de grandes empresas se reúnem para trocar experiências e discutir sobre um tema cada vez mais presente no seu dia a dia: como gerenciar a crescente massa de estrangeiros que circula pelas companhias no Brasil. O grupo dedicado ao tema é o Gadex, formado timidamente por três multinacionais há 20 anos e que hoje opera no limite de sua capacidade.
Dentre os 35 membros, não estão apenas as tradicionais companhias de capital estrangeiro, mas também algumas brasileiras que vêm adotando políticas de expatriação de funcionários. "O grupo é um suporte formal a esses profissionais. Compartilhar informações e experiências funciona como um treinamento para os gestores da área", afirma Beatrice Koopman, presidente do Gadex e coordenadora de transferências internacionais da multinacional Basf.
Por ser uma área nova, a gestão de expatriados ainda sofre com a escassez de mão de obra especializada. Esse cenário estimula a proliferação de ambientes de troca de conhecimentos sobre o assunto como é o caso do Gadex e, mais recentemente, de comunidades em redes sociais como o LinkedIn. "Os currículos dos cursos de recursos humanos ainda passam longe do tema. São raros os profissionais que conhecem as especificidades da área", afirma Silvia Jacoby, gerente de transferências internacionais de pessoal da Robert Bosch. Com 18 anos de experiência na gestão desses funcionários, ela responde por 200 expatriados na América Latina, entre brasileiros e estrangeiros.
Silvia é membro do Gadex e também do grupo de discussão "Gestão de Expatriados", que reúne mais de 400 membros na rede profissional LinkedIn. O espaço é apenas uma das salas virtuais dedicadas ao tema na internet. Lá, executivos de recursos humanos e consultores divulgam vagas e tiram dúvidas sobre seu dia a dia profissional, que se transforma cada vez mais rapidamente. "Essa é uma área que tem uma empregabilidade muito grande, apesar da inexistência de qualificação formal", afirma Silvania Marques, gerente da Siemens e participante do Gadex.
Mesmo com a escassez de especialistas e de treinamento disponível, o aumento das transferências internacionais em companhias de todos os setores tem feito com que a área de gestão de expatriados venha, aos poucos, entrando na estratégia de mais empresas. A Basf, por exemplo, tem planos de aumentar sua equipe dedicada ao assunto neste ano. Mas a 'mudança de patamar' desse departamento ainda não aconteceu na maioria das companhias. "A área não é alvo de investimentos mais pesados do mercado", pondera Beatrice Koopman. A tendência, porém, é de que esse cenário mude, conforme aumente o volume de transferências de pessoas.
Um exemplo está no próprio Gadex, que nos últimos anos vem ganhando membros com perfis mais variados. As multinacionais brasileiras, que também exportam e, em menor grau, importam talentos, cresceram em participação. Uma delas é a CSN, que em dezembro do ano passado passou a compor o grupo. De acordo com o gerente Mauro Valle, a estratégia de internacionalização da companhia está diretamente vinculada à área de expatriação de profissionais - hoje a CSN tem brasileiros atuando em seis países, além de alguns colaboradores estrangeiros de empresas controladas trabalhando no Brasil. "Estamos desenvolvendo uma política de transferências internacionais com o objetivo de multiplicar e fortalecer nossa cultura nos países onde a empresa atua."
Foi com o objetivo de dar suporte ao processo de internacionalização das plantas industriais, iniciado há dois anos, que a Braskem decidiu criar uma área dedicada exclusivamente ao tema. "O número de expatriados dobrou no último ano", afirma Marcela Sapia, contratada em 2010 para dar fôlego a esse processo. "Hoje, cuidamos desde assuntos mais burocráticos como documentação e benefícios até questões de relacionamento com as famílias e orientação cultural", afirma o vice-presidente de pessoas e organização da Braskem, Marcelo Arantes.
O fortalecimento dessa equipes é uma tendência recente, segundo Adriana Prates, sócia da empresa de recrutamento executivo Dasein. "Um processo de expatriação que dá errado custa caro para as empresas. Após muitos prejuízos, elas passaram a investir para que o RH fosse capaz de capaz de diminuir esse tipo de problema", explica. Os processos malsucedidos, segundo Adriana, ocorrem principalmente pela falta de adaptação do estrangeiro ao novo ambiente, agravada pela inexperiência do RH para lidar com o tema. "Muitas organizações procuram parcerias com consultorias especializadas para dar apoio ao profissional", diz.
As prestadoras de serviço geralmente atuam em questões práticas, mas também ajudam na adaptação emocional e cultural do expatriado com o país. Uma delas é a Imigravisas, de Luciana Cardoso. Ela também é professora do curso de gestão de expatriados, oferecido pela FGV Rio em abril. Segundo Luciana, o treinamento de curta duração foi idealizado com o objetivo de oferecer mais ferramentas aos profissionais de recursos humanos. "São pessoas que sempre trabalharam com recrutamento, seleção e remuneração, mas nunca haviam lidado com expatriados. Atualmente, elas precisam dar conta também dessa demanda, mesmo sem os conhecimentos básicos", afirma.
A falta de preparo, segundo ela, fez com que muitas empresas improvisassem a gestão dos expatriados e tratassem cada caso de forma diferente, sem uma estratégia definida. "Os cursos existentes tratam basicamente de questões burocráticas, mas quase nada da parte humana. Por outro lado, há poucas pessoas com experiência suficiente no mercado para repassar esse conhecimento", explica Luciana, que prevê a abertura de uma nova turma do curso em julho, também no Rio de Janeiro.
Daniella Martins, analista de RH da Essilor, multinacional francesa do ramo ótico, foi aluna do curso da FGV Rio. Responsável pela administração de 12 expatriados na empresa, ela fez MBA em recursos humanos, mas o curso não abordou a questão. "Ficava muito insegura e com dúvidas em questões específicas que nem mesmo as consultorias parceiras dominavam. O curso foi importante para trocar experiências com os outros alunos e saber que não estou sozinha."
A Business School São Paulo (BSP) ofereceu, no mês de maio, um curso de curta duração com foco em expatriados. De acordo com a professora Lisette Weissman, o programa foi uma demanda dos próprios profissionais de RH e membros de outra comunidade do LinkedIn chamada "Expatriados". Lisette também ministra a disciplina de gerenciamento multicultural no MBA em gestão empresarial da BSP. "O profissional de RH bem preparado pode determinar o sucesso da política de expatriação de uma empresa."
A professora explica que o lado humano é o cerne da experiência de viver e trabalhar em outro país. "A empresa e o departamento de recursos humanos são as únicas referências que o profissional tem no Brasil. Desse modo, é essencial que a área esteja preparada para dar esse suporte", diz. Segundo Lisette, é preciso entender a importância de detalhes que vão facilitar a vida do expatriado e tornar sua experiência proveitosa. "Parecem sutilezas, mas só o fato de o RH dar atenção às angústias da esposa ou à decisão sobre a escola do filho do expatriado fazem com que o processo seja mais bem-sucedido", afirma a professora.


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