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Reinventar-se sempre

Dez dicas que ajudam a liberar a inovação em você e, de quebra, a melhorar sua carreira

Por Robson Vitorino*




A inovação não é uma coisa que simplesmente surge. Ela depende de processos, de variáveis e parâmetros cujo conhecimento permite concebê-la como um processo racional, mensurável e gerenciável. É sempre importante registrar que inovação é diferente de invenção.
A invenção é caracterizada pela criação de uma ideia potencialmente geradora de benefícios comerciais, mas não necessariamente realizada especificamente em forma de produtos, processos ou serviços. A invenção torna-se inovação quando é implementada e, consequentemente, comercializada. A inovação é a invenção que encontrou uma utilidade prática e demanda do mercado. É quando o protótipo se transforma em produto comercializável. Confira, a seguir, dez dicas que fortalecem o clima de inovação na empresa e, a reboque, ajudam a melhorar sua carreira.

1 > Abandone a "cultura do especialista".
O especialista é aquele profissional que é obrigado a ter respostas para tudo, baseado em sua experiência, no seu know-how. A tendência é que o especialista sempre busque soluções já conhecidas. A inovação é fruto do cruzamento de informações obtidas e armazenadas em sua mente. Permita-se estudar outras disciplinas que não se relacionem diretamente com a sua. Por exemplo, se você é um advogado, estude algo sobre física. Essa prática é altamente benéfica para "pensar fora da caixa". Foi assim que uma determinada indústria saiu do buraco. Seu principal produto vinha perdendo participação de mercado por conta do alto custo de fabricação. Foi, então, que o diretor-geral convocou os principais executivos e exigiu uma solução. No prazo final para apresentação das soluções, os executivos não tinham nada de consistente quando, de repente escutam uma voz tímida no fundo da sala rompendo o silêncio dos especialistas: "Com licença, chefe. O produto precisa ter embalagem?". Acredite se quiser, o produto em questão era o pneu. Até meados do século 20, os pneus eram vendidos como qualquer outra mercadoria, ele vinha dentro de embalagem de papel. Graças àquela sugestão inesperada do faxineiro, os pneus passaram a ser expostos nas lojas sem embalagem com a marca e demais informações do produto impressas  na própria borracha.
2 > Menos "eu" e mais "nós". Compartilhe.
Estamos na era da informação e do conhecimento. O resultado do conhecimento coletivo é riquíssimo. Quando compartilhamos o conhecimento no ambiente de trabalho, estamos colocando à disposição da imaginação bibliotecas variadas de cultura, aumentando a probabilidade de desenvolvimento de soluções inovadoras. Mas, para isso, é preciso adotar a consciência de sucesso coletivo. Caso surja algo inovador, lembre-se de dar os créditos valorizando cada pessoa que contribuiu para a solução inovadora. Caso contrário, poderá sofrer do efeito knowledge bullying, ou seja, um bullying do conhecimento, passando a ser privado propositalmente de conhecimento circulante na empresa.
3 > Deixe as ideias amadurecerem.
Há pessoas que reclamam que as ideias nunca são aceitas. Há quem fique rotulada como aquela que nunca acrescenta e sempre chuta para fora nas reuniões de trabalho. Aprenda a registrar ideias potenciais e a amadurecê-las. Aprofunde a sua pesquisa antes de expor uma ideia para alguém. Verifique se o que irá propor já não foi proposto e certifique-se dos benefícios que irá gerar e a quem irá beneficiar. Os projetos inovadores são como sementes, precisam ter a sua fase de crescimento respeitada para que concebam os frutos na época correta.
4 > Aprenda a questionar as verdades absolutas.
Paradigma é literalmente modelo, é a representação de um padrão a ser seguido. Até a teoria do Heliocentrismo, de Nicolau Copérnico, acreditava-se absolutamente que o Sol girava em torno da Terra (teoria Geocêntrica). Inovar passa por questionar paradigmas criando um novo modelo mais eficaz. É preciso ser autêntico para superar a baixa autoestima que ronda a mente. É preciso abstrair o medo da rejeição. Um exercício prático para isso é habituar-se a formular a seguinte pergunta: "Por que não?". Vale lembrar uma frase de Albert Eistein: "Se minha Teoria da Relatividade estiver correta, a Alemanha dirá que sou alemão e a França me declarará um cidadão do mundo. Mas, se não estiver, a França dirá que sou alemão e os alemães dirão que sou judeu".
5 > Abandone o perfeccionismo.
O perfeccionista é aquele que se esconde atrás de um manto utópico da perfeição. É alguém que acorda todos os dias e se encontra com a frustração. O perfeccionista geralmente tem uma crítica pronta para tudo e uma boa desculpa para não apresentar suas ideias. "Antes de apresentar, preciso aperfeiçoar." As empresas precisam de pessoas que saibam trabalhar com as ferramentas que têm à mão. A inovação demanda viabilidade. Conjecturar inovação com elementos que não fazem parte da sua realidade nem de seu ambiente de trabalho é apenas um sonho.
6 > Seja e permaneça autêntico.
As empresas já estão cheias de pessoas com comportamentos politicamente corretos e comportamento altamente resistente às mudanças. Mudança gera insegurança, ruptura com o que é conhecido e aliança com o desconhecido. As empresas inovadoras buscam pessoas autênticas com alto nível de compromisso e com a excelência e a vontade de fazer algo extraordinário. Ser autêntico não implica ser sempre do contra, mas ter personalidade suficiente para não se deixar influenciar e contaminar antes de formar a sua própria opinião. O pessimista e negativo é uma raça que está presente em todas as empresas e acaba minando o poder de autenticidade daqueles que têm o talento de vislumbrar o novo.
7 > Sintonize. 
Sintonia é a igualdade de frequência entre dois sistemas de vibrações. Acordo mútuo, reciprocidade, simpatia. É praticamente impossível produzir algo inovador se não estiver engajado e sintonizado com o que se faz. O alto nível de insatisfação e, consequentemente, o estresse bloqueiam a capacidade de gerar novas soluções. Estar em sintonia com a organização implica conhecer suas diretrizes estratégicas e se alinhar a elas. É se orgulhar de trabalhar lá. É não precisar colocar obrigações e prazeres na balança, pois o prazer é bem maior.

8 > Clima organizacional favorável.
Segundo Peter Drucker, guru da administração moderna, a criatividade não anda escassa, o que acontece é que a maioria das organizações se esforça para acabar com ela. Não basta adotar todos os itens anteriores se o clima e a cultura organizacional do seu local de trabalho não forem favoráveis à mudança. A não ser que a empresa seja sua. A inovação é a irmã gêmea da mudança e esta, por sua vez, precisa estar impregnada na cultura da empresa e refletida no clima organizacional, na cultura e nos valores.

9 > Identifique problemas.
As inovações possuem alto nível de conformidade com situações em que a insatisfação é alta ou em que há um problema crônico. Crises, problemas, insatisfações são todos sinônimos de oportunidades de inovação. Seja um especialista em identificá-los e estará a um passo de algo extraordinário. Você sabia que o verdadeiro faturamento da franqueadora do McDonald''s é o aluguel de terrenos? A rede compra terrenos, constrói a loja e a subloca para os franqueados com acréscimo no valor original de até 50%. Não porque eles planejaram isso, pelo contrário, foi a saída que encontraram para vencer em certa época a falta de recursos.
10 > Capacidade de desaprender.
Segundo o escritor Alvin Toffler, pai do que conhecemos como revolução digital, "o analfabeto do século 21 não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender". Cada vez mais, o conhecimento torna-se descartável. Quanto tempo você demorou para aprender a usar todas as funcionalidades daquele seu aparelho celular antigo? Sem dizer daquele software que não existe mais. O conhecimento é volátil, ou seja, após um determinado período de tempo torna-se descartável. Para inovar, é preciso aprender aquilo em que muitas vezes investimos tempo e dinheiro, mas que hoje só serve para ocupar espaço na nossa memória.

*Robson Vitorino é coach, palestrante, professor, articulista e consultor nas áreas de gestão do conhecimento, liderança e gestão de pessoas 
Fonte: Revista Melhor Gestão de Pessoas

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